11 maio 2011

Boato sobre gravidez de Carla Bruni rouba a cena na abertura do Festival de Cannes

Carlos Helí de Almeida, de CannesA primeira-dama francesa Carla Bruni

A primeira-dama francesa Carla Bruni (AFP)

O tom político da programação foi dado pela inclusão, de última hora, de duas produções iranianas supostamente realizadas na clandestinidade: Bé Omid é Didar, de Mohammad Rasoulof, e In film nist, de Jafar Panahi - ambos proibidos de filmar pelo governo iraniano

Antecipada e alardeada pelos tablóides europeus, a suposta gravidez de Carla Bruni Sarkozy promete roubar as atenções da abertura da 64 ª edição do Festival de Cannes, que começa nesta quarta-feira (11) com a projeção de Meia-noite em Paris, de Woody Allen. A ex-atriz e cantora italiana, hoje primeira-dama francesa, faz uma pequena participação na nova comédia romântica do diretor novaiorquino, mas cancelou sua presença na coletiva de imprensa com o elenco da produção, que tem ainda a francesa Marion Cotillard (Piaf – Um Hino ao Amor) e o americano Owen Wilson (Marley & Eu). Carla não desmentiu nem confirmou a gravidez, e o assunto continuará ecoando até o encontro da equipe do filme com os jornalistas.

Muitas outras celebridades – em parte oriundas de Hollywood –, no entanto, cruzarão o tapete vermelho do festival francês, o maior evento cinematográfico do planeta, que até o dia 22 exibirá 20 títulos dentro de sua competição oficial, e cerca de outras quatro dezenas em suas mostras paralelas. O ator americano Sean Penn, por exemplo, está em dois títulos que competem pela Palma de Ouro de melhor filme: A Árvore da Vida, do conterrâneo Terrence Malick, e This Must be the Place, do italiano Paolo Sorrentino. O júri oficial é presidido pelo ator americano Robert De Niro.

A disputa deste ano está marcada por dois grupos distintos: novos realizadores e velhos conhecidos do festival, como o espanhol Pedro Almodóvar (La Piel que Habito, estrelado por Antonio Banderas), o dinamarquês Lars von Trier (Melancholia, com Kirsten Dunst e Charlotte Gainsbourg), o italiano Nanni Moretti (Habemus Papam) e os belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne (Le Gamin au Vélo), que agora tentam o tricampeonato. Entre os novatos estão a australiana Julia Leigh (Sleeping Beauty), o austríaco Markus Schleinzer (Michael), e o francês Michel Hazanavicius (The Artist). “Nossa função é descobrir o novo, então temos que assumir riscos”, justificou Thierry Fremaux, diretor artístico do festival.

Ausente da competição desde 2008, quando Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomaz levou o prêmio de melhor atriz (Sandra Corvelone), o cinema brasileiro volta a participar de Cannes em suas mostras paralelas. Trabalhar Cansa, dos estreantes Marco Dutra e Juliana Rojas, competem na seção Um Certo Olhar, ao lado de veteranos como Gus van Sant (Restless) e Bruno Dumont (Hors Satan). O Abismo Prateado, do cearense Karim Aïnouz (Madame Satã) está na Quinzena dos Realizadores. Os curtas Permanências, de Ricardo Alves Júnior, e Duelo Antes da Noite, de Alice Furtado, integram a Semana da Crítica e a mostra Cinéfondation (dedicada a filmes de escola de cinema), respectivamente.

O tom político da programação foi dado pela inclusão, há três dias, de duas produções iranianas supostamente realizadas na clandestinidade: Bé Omid é Didar, de Mohammad Rasoulof, e In film nist, de Jafar Panahi e Mojtaba Mirtahmas. Rasoulof e Panahi foram condenados pelo governo iraniano a seis anos de prisão e estão proibidos de dirigir pelos próximos 20 anos. O documentário sobre o autor de filmes premiados, como O Círculo (2000), é uma espécie de diário da espera de Panahi por sua sentença. O festival se encerra no dia 23 com a exibição de Les bien-aimes, de Christoph Honoré, com Catherine Deneuve, em caráter hors concours.

Assista ao trailer de Meia-noite em Paris: