05 junho 2011

Vice-presidente do Iêmen fecha acordo para cessar-fogo com chefe tribal

Forças iemenitas observam destruição em local onde confrontos com opositores ocorreramm, em Sanaa

Forças iemenitas observam destruição em local onde confrontos com opositores ocorreramm, em Sanaa (GAmal Noman/AFP )

O vice-presidente do Iêmen, Abdo Rabu Mansour Hadi, chegou neste domingo a um acordo com o chefe tribal opositor Sadiq al Ahmar para um cessar-fogo nos combates que ocorrem em Sanaa há duas semanas. De acordo com a Constituição do Iêmen, o vice-presidente deve governar o país na ausência do chefe de estado. O ditador Ali Abdullah Saleh, que se recusa a renunciar após 33 anos no poder, foi operado neste domingo em um hospital militar no centro de Riad, na Arábia Saudita.

Fontes de um partido opositor disseram à agência Efe que Ahmar, chefe da tribo Hashed, aceitou uma proposta de Hadi, que assumiu na véspera o poder temporariamente depois que Saleh viajou para ser operado dos ferimentos sofridos em um atentado na sexta-feira passada.

Segundo aliados de Ahmar, o acordo inclui a retirada das forças de segurança do bairro de Hasaba, local de residência do chefe tribal. O conflito armado explodiu em 23 de maio depois que Saleh rejeitou pela terceira vez assinar uma iniciativa apresentada pelos países do Golfo Pérsico para uma transferência pacífica do poder.

Neste domingo, o palácio presidencial do Iêmen voltou a ser atacado por dezenas de homens armados, segundo oficiais militares e testemunhas. Pelo menos quatro soldados e um dos rebeldes morreram no ataque. Os atiradores fazem parte de um grupo recentemente criado para vingar as mortes de manifestantes contrários ao regime de Saleh.

Saúde - O ditador foi operado em um hospital militar do centro de Riad e os médicos recomendaram duas semanas de repouso absoluto, disse uma fonte desse centro de saúde à agência de notícias Efe. Segundo esta fonte, Saleh descansa no local. Ele viajou no sábado à Arábia Saudita depois que seus médicos em Sanaa não conseguiram retirar do seu peito uma lasca do projétil, lançado durante o cerco de sexta-feira ao palácio, por estar muito perto de seu coração.

Festa - Diante da ausência de Saleh, milhares de opositores saíram às ruas de Taez, importante cidade do sudoeste do país, e de Sanaa, neste domingo. "Hoje nasceu um novo Iêmen", gritaram eles na área que virou palco de protestos constantes, perto da Universidade de Sanaa. "Acabou, o regime caiu", gritavam outros, enquanto muitos manifestantes falavam em uma "fuga de Saleh". Deixar o Iêmen, mesmo que para se submeter a tratamento médico, pode fazer com que seja difícil para o ditador manter o poder.

(Com agências EFE e France-Presse)