O grupo terrorista basco ETA recebeu na última década treinamento, em particular sobre o uso de explosivos, das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em território venezuelano. A informação está no relatório publicado nesta terça-feira em Londres pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), que analisou o material apreendido com o ex-líder do grupo terrorista colombiano Raúl Reyes, morto em 2008. O documento também revelou que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, prometeu 300 milhões de dólares em 2007 às Farc.
Segundo o IISS, os arquivos demonstram que as Farc e o ETA trocaram conhecimentos técnicos sobre táticas terroristas e compartilharam planos para o assassinato de pessoas no exterior.
De acordo com os documentos, o representante do grupo basco em Caracas, Arturo Cubillas Fontán, que recebeu asilo sob um antigo acordo hispânico-venezuelano, esteve em contato com Rodrigo Granda, membro da guerrilha colombiana.
As comunicações analisadas revelam que, entre julho e agosto de 2003, um representante do ETA organizou o treinamento de quatro operações do grupo basco com Luciano Marín, das Farc, em um campo em território venezuelano.
Após receber esta formação, o ETA teria tentado realizar um ataque contra quartéis militares em Navarra, com morteiros que aprendeu a utilizar com os guerrilheiros colombianos.
Falta de provas - O relatório do instituto ressalta que, apesar da polêmica suscitada em 2010 na Espanha pela suspeita de mediação do governo venezuelano na relação entre o ETA e as Farc, não há provas de que a administração de Chávez tenha estimulado "de nenhuma maneira" esses vínculos.
"Por meio dos arquivos se vê que o ETA e as Farc desenvolvem uma relação pragmática, embora também haja um aspecto ideológico, mas não há provas de que fosse facilitada por Chávez, nem há nenhuma alusão à Disip (serviço de inteligência venezuelano) ou a ao governo da Venezuela", disse o diretor do IISS para ameaças transnacionais e risco político, Nigel Inkster Lockhart.
Reações - Apesar de todas as evidências, o governo colombiano deixou para trás os antigos conflitos com a Venezuela por causa das Farc e preferiu não comentar o relatório.
"Eu conversei com o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro sobre esse documento e coincidimos que viramos a página", disse nesta terça-feira a ministra das Relações Exteriores colombiana, María Ángela Holguín. Ela afirmou esperar que os novos dados não estraguem o caminho traçado com a Venezuela e o Equador após o restabelecimento das relações com os dois países em 2010.
(Com agência EFE)