
Rafael Correa é acusado de ter recebido 400.000 dólares das Farc para sua campanha eleitoral, em 2006 (Pato Realpe/EFE)
A Procuradoria-Geral do Equador anunciou a abertura de uma investigação preliminar sobre as acusações de que o presidente Rafael Correa teria recebido financiamento para sua campanha eleitoral, em 2006, das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Na semana passada, o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, sigla em inglês), sediado em Londres, publicou um relatório sobre o conteúdo dos discos rígidos de computadores encontrados no acampamento onde foi morto o líder das Farc, conhecido pelo codinome “Raúl Reyes”. Na relação, apareceram também informações que mostram ligações do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e até do Partido dos Trabalhadores (PT), no Brasil, com as Farc. Reyes foi morto em 2008, durante uma operação militar colombiana no lado equatoriano da fronteira, provocando um conflito diplomático entre os dois países.De acordo com o IISS, os arquivos encontrados no acampamento sugerem que Correa solicitou pessoalmente e aceitou fundos ilegais das Farc em sua primeira campanha, em 2006, totalizando cerca de 400.000 dólares. O relatório impulsionou as acusações contra o financiamento das Farc ao presidente, que já haviam sido feitas no Equador.Após a abertura do inquérito da Procuradoria-Geral, Correa voltou a negar ter recebido dinheiro dos guerrilheiros e disse estar cansado do que ele chamou de “farsa” contra ele. "Mais uma vez eles levantam o tema das Farc, de que recebemos dinheiro das Farc. Agora parece que são 400.000 dólares e que fui eu que solicitei”, afirmou o presidente, que considera as acusações uma "mentira monumental". "Se alguém em nome da campanha de Rafael Correa pediu dinheiro, as Farc foram enganadas, porque nós nunca recebemos o dinheiro deles", disse o presidente.Denúncias - Além do relatório do IISS, o site Wikileaks divulgou há um mês um comunicado diplomático dos Estados Unidos, datado de janeiro de 2010, afirmando que a Venezuela e as Farc teriam financiado a campanha do atual ministro das Relações Exteriores, Ricardo Patiño, que, por sua vez, nega a informação.Em 2009, foi divulgado um vídeo do líder guerrilheiro conhecido como “Mono Jojoy” no qual se comenta a entrega de dinheiro das Farc para a campanha presidencial de Correa. O ex-secretário de governo Ignácio Chauvin foi investigado no mesmo ano por envolvimento com traficantes de drogas ligados ao grupo terrorista, mas foi absolvido.