
"Nós temos interesses significativos no Paquistão. Minha opinião é que precisamos manter a assistência ao país", disse Gates (Nicholas Kamm/AFP)
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, disse nesta quarta-feira acreditar que os Estados Unidos deveriam seguir enviando ajuda ao Paquistão na luta contra o terrorismo. Ele também afirmou não ver evidências de que Islamabad soubesse do paradeiro de Osama bin Laden antes do ataque que matou o líder da Al Qaeda.
“Minha tese é: alguém no Paquistão tinha conhecimento sobre o esconderijo. Nós não sabemos se eram pessoas aposentadas ou do baixo escalão do governo", disse Gates durante uma audiência no Congresso dos EUA. "Mas eu não vi nenhuma evidência de que as principais lideranças soubessem. Na verdade, vi algumas evidências que mostram o contrário", acrescentou.
Ele ainda disse entender a frustração dos legisladores americanos com o Paquistão em relação à guerra contra a Al Qaeda e o Talibã, mas fez advertências sobre o corte de ajuda. "Eu acho que devemos manter certa cautela. Nós temos interesses significativos no Paquistão. Minha opinião é que precisamos manter a assistência."
O secretário de Defesa não deu detalhes sobre as evidências que inocentariam o alto escalão do governo paquistanês, mas cogita-se nos EUA que elas tenham a ver com as centenas de documentos encontrados nos computadores da casa de bin Laden por uma equipe especial da Marinha americana.
Gates foi também questionado sobre se o governo paquistanês não deveria, então, pagar por não saber sobre o paradeiro do terrorista, ao que respondeu: “Se eu tivesse no lugar deles diria que já paguei o preço: fui humilhado, e mostraram para mim que os americanos podem entrar em meu território sem permissão e sair impunes”.
Histórico - Antes de ser assassinado por forças americanas, bin Laden escondia-se em uma casa em Abbottabad, no norte do Paquistão, a poucos quilômetros de Islamabad, a capital do país. A cidade abriga uma base de treinamento militar, razão pela qual surgiram suspeitas de que o governo saberia do paradeiro do líder da Al Qaeda.
A afirmação de Gates pode amenizar a crise entre EUA e Paquistão, que teve início após a operação de 1 de maio. O terrorista era um dos homens mais procurados pelos EUA, já que é considerado o principal responsável pelos piores atentados da história - os de 11 de setembro de 2001 contra o World Trade Center, no qual morreram mais de 3.000 pessoas.
(Com agência Estado)