19 maio 2011

BNDES amplia participação no JBS

Linha de produção do frigorífico JBS na cidade de Lins, São Paulo

O JBS prevê ganhos anuais de 150 milhões de dólares com renegociação de dívidas (Dario Lopez-Mills/AP)

O BNDES, através da Bndespar, está representada no conselho de administração da empresa

Logotipo Exame.com  Após o aumento de capital de 3,74 bilhões de reais anunciado nesta quarta-feira pelo JBS, a participação da holding controladora do frigorífico, a FB Participações (associação da família Batista e do Bertin), caiu de 54,52% para 47%. Já o BNDES viu sua porcentagem saltar de 17,02% para 31,3%.

Além dos 17,02% do capital votante do JBS, a BNDESPar possuía uma participação indireta através do fundo Prot-Fip. A participação deste no JBS era de 8% e foi para 6% após a emissão. A Bndespar é signatária de acordo de acionistas e de acordo de investimento, o que permite sua representação no conselho de administração da JBS. O acordo não será alterado, segundo o frigorífico.

A emissão privada de ações encerra as indefinições sobre a necessidade de realização de um IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) da unidade americana da empresa, a JBS USA. Os papéis da JBS estavam sendo penalizados por essas incertezas, segundo Wesley Batista, presidente do JBS.

O JBS não tem planos de abrir capital nos Estados Unidos. “Vamos seguir olhando o mercado dos Estados Unidos, se estiver propício poderemos analisar, mas não temos planos hoje”, disse o executivo.

Nos dias 3 e 4 de junho serão realizadas as assembléias gerais de debenturistas e extraordinária. Em 4 e 5 de julho, o conselho vai homologar a operação e conclui-la.

Renegociação da dívida – Além do aumento de capital, o JBS iniciou nesse mês o rebalanceamento de sua dívida. A empresa prevê ganhos anuais de 150 milhões de dólares com a operação. “Cerca de 250 milhões de reais de lucro líquido a mais para a companhia no balanço’, disse Batista.

Nos Estados Unidos, como a JBS tem pouca dívida e poucos juros, há um alto lucro antes de impostos – e consequente cobrança elevada de impostos sobre esse valor. Já no Brasil, o pagamento de juros sobre a dívida é alto e há pouco lucro antes de calcular o imposto que recairá sobre ele – o que faz o imposto ser menor.

A operação do JBS nos EUA gera cerca de 65% do caixa da empresa como um todo. O volume é gerado em dólar. “A dívida será proporcional à geração de caixa”, disse Batista. A geração de caixa vai estar na mesma moeda da divida. Assim, com o rebalanceamento, a empresa afirma que estará menos exposta à mudanças do câmbio no endividamento, uma vez que a parcela da dívida no Brasil em dólar vai diminuir. Só no primeiro trimestre de 2011, o lucro da empresa cresceu 40,4%.