Banderas e Almodóvar no lançamento de 'A pele que habito': "O personagem de Antonio está a ponto de criar vida, cria uma nova pele, que é o principal órgão do homem”, explicou o cineasta (AFP)
"Meu filme pode se parecer talvez com um filme de ficção científica, mas isso já é em parte realidade, com as experiências transgênicas e a decodificação do genoma humano", avaliou o diretor
Somada a admiração do público brasileiro pelos filmes do espanhol Pedro Almodóvar e o interesse que se tem por aqui no tema, A pele que habito, novo filme do cineasta, tem tudo para ser um sucesso retumbante por aqui. A força da obra pôde ser atestada na manhã desta quinta-feira pela recepção da platéia do Festival de Cannes, onde Almodóvar e sua nova cria foram aplaudidos ao fim da exibição.
A pele que habito disputa a Palma de Ouro, principal competição do festival. Inspirado no romance Mygale (Tarântula), do escritor francês Thierry Jonquet, o filme é uma mistura de suspense, terror, ficção científica e melodrama para falar de vingança, mas também de sobrevivência em condições extremas.
O longa-metragem conta a história de um cirurgião plástico, o doutor Robert Ledgard, interpretado por Antonio Banderas, que realiza experiências para criar uma nova pele resistente a qualquer agressão. "Li muito rápido, há uns dez anos, esse romance de Jonquet, e o que chamou a minha atenção foi a magnitude da vingança desse médico contra quem acredita que violentou sua filha", declarou.
Ledgard é uma espécie de “Frankestein, e também de Prometeu”, o herói mítico grego que rouba a luz para dá-la aos homens, disse o cineasta em uma entrevista coletiva à imprensa ao lado dos atores do filme, entre eles Marisa Paredes e Elena Anaya.
"O personagem de Antonio está a ponto de criar vida, cria uma nova pele, que é o principal órgão do homem”, ressaltou Almodóvar, que aborda em seu longa a questão da genética e da bioética.
"Meu filme pode se parecer talvez com um filme de ficção científica, mas isso já é em parte realidade, com as experiências transgênicas e a decodificação do genoma humano", avaliou o diretor. "Felizmente, em nossas sociedades trabalhos como esses são bem controlados pelas leis de bioética", afirmou.
A pele que habito é a quarta chance de Almodóvar conquistar a Palma de Ouro. Apesar da relação terna que o festival tem com o espanhol, ele nuca saiu da disputa com o prêmio, que disputou em 1999 com Tudo sobre minha mãe, em 2006, com Volver, e em 2009, com Abraços partidos. Almodóvar é um dos vinte diretores selecionados para a mostra competitiva do 64º Festival de Cannes, que conta com 14 europeus, quatro asiáticos, um americano e um turco.
(Com Agência Estado)