20 maio 2011

José Mayer faz sua estreia no filão dos grandes musicais com 'Um violinista no telhado'

Leo Pinheiro, do Rio de JaneiroJosé Mayer lidera o elenco de 'Um violinista no telhado', novo musical da dupla Charles Möeller e Cláudio Botelho

José Mayer lidera o elenco de 'Um violinista no telhado', novo musical da dupla Charles Möeller e Cláudio Botelho (Guga Melgar/Divulgação)

"Tevye é um belo personagem, um homem rude com alma sofisticada. Sem dúvida, meu maior papel no teatro. Ele aceita as mudanças, apesar de dar valor às tradições. É um Rei Lear sem rancor”, afirma José Mayer

Candidato a maior musical do ano no Brasil, Um Violinista no Telhado, novo espetáculo de Charles Möeller e Claudio Botelho, estreia nesta sexta-feira no Teatro Casagrande, no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro. De início, a responsabilidade da produção é das grandes: trata-se do maior projeto realizado pela dupla até hoje. Embalados pelo recente sucesso de Hair e Gypsy, no ano passado, Möeller e Botelho apostam alto - precisamente sete milhões de reais - neste clássico do teatro musical americano, considerado grandioso não só pelo numeroso elenco de 17 músicos e 43 atores liderados por José Mayer, que faz sua estréia no gênero.

Um Violinista no Telhado é considerado o Rei Lear dos musicais. Além da complexidade de produção, que tem cerca de 160 figurinos e nove trocas de cenário, o espetáculo encontra paralelos no enredo com a célebre peça de Shakespeare. Assim como Lear, o protagonista, o leiteiro judeu Tevye, interpretado por José Mayer, entra em conflito com as três de suas cinco filhas, Tzeitel (Rachel Rennhack), Hodel (Malu Rodrigues) e Chava (Julia Bernat), por rejeitarem os casamentos arranjados e adotarem comportamentos que desviam do estabelecido pela tradição judaica.

“Minha vivência em musicais ainda era pequena. Cantei em duas peças, mas este é o primeiro grande musical que eu faço. Desta vez, a exigência vocal é muito pesada, precisei de uma dedicação integral em todo o processo. Tevye é um belo personagem, um homem rude com alma sofisticada. Sem dúvida, meu maior papel no teatro. Ele aceita as mudanças, apesar de dar valor às tradições. É um Rei Lear sem rancor”, afirma Mayer, que já acalentava o sonho de fazer um musical há pelo menos três anos, quando começou a freqüentar aulas de canto com regularidade.

Desafio maior, no entanto, parece ter sido o ator deixar a fama de galã de novela das oito, por ter interpretado vários personagens do tipo. Durante dois meses de ensaio, Mayer foi incorporando interna e externamente o camponês russo do fim do século XIX. À primeira vista, a mudança pode ser percebida no visual. Aos 62 anos, o galã está com a aparência muito diferente do que as fãs estão acostumadas a ver: com a barba grandíssima e cabelos desgrenhados.

As diferenças, no entanto, vão muito além do visual, como fazem questão de frisar os diretores. Charles e Cláudio fizeram vários workshops para que o elenco incorporasse os personagens do musical. “Não tinha nenhum contato com o universo judaico. Fizemos uma semana de palestras com especialistas na história e na religião. Nos permitimos ouvir palestrantes de linha ortodoxa e também de linhas mais modernas. Também tivemos a assessoria da Vivian Muller para todos os movimentos e gestuais, assim como o acompanhamento de todas as cenas de cerimônias - há algumas na peça”, destaca Botelho.

Apostando na relevância que a obra possui dentro e fora da comunidade judaica, o diretor ressalta que fez questão de fundamentar o trabalho com pessoas experientes na religião. “Sempre amamos o musical, mas jamais teríamos a ousadia de nos lançarmos num projeto assim por nossa conta. O convite partiu de uma produtora dirigida por artistas judeus e ligados ao tema, a Conteúdo Teatral. Eles compraram os direitos e nos convidaram para dar vida no palco à história, e nos assessoraram em tudo que era intrinsecamente ligado à história e à religião judaica”, finaliza.

SERVIÇO

Temporada: De 20 de maio a 18 de setembro
Local: Teatro Casa Grande (Av. Afrânio de Mello Franco, 290 – Leblon - telefone (21) 2511- 0800)
Horário: Quintas e sextas, às 21h. Sábados, às 17h30 e 21h30. Domingos, às 19h.
Preços: de R$ 40 a R$ 150
Duração do espetáculo: 130 minutos (com intervalo de 15 minutos)
Classificação etária: 5 anos