28 maio 2011

Infla��o e dados de emprego dos EUA desviam aten��o da Europa na pr�xima semana

UOL EconomiaInfla??o e dados de emprego dos EUA desviam aten??o da Europa na pr?xima semana27/05/2011InfoMoney4@UOLEconomia #UOLSÃO PAULO - A última semana teve seu começo e seu fim atrelados à preocupações com a dívida europeia. Na segunda-feira (23), o partido governista da Espanha perdeu as eleições, enquanto a população protestava contra o desemprego e os pacotes de ajuste fiscal. Naquele mesmo pregão, a agência Fitch rebaixou a perspectiva da nota de crédito da Bélgica. Ao longo da semana, seguiram-se tentativas de aprovação de um novo pacote de austeridade econômica na Grécia, que terminou com a negativa da oposição e a lamentação da União Europeia pela falta de um acordo.

Ainda assim, os indicadores norte-americanos e locais, atrelados à percepção de que a inflação está sendo contida pelo governo brasileiro e de que os patamares de preços do mercado acionário estão atrativos por aqui, garantiram ao Ibovespa uma alta de 2,71% na semana. O benchmark inverteu a tendência negativa das últimas quatro semanas e fechou o período de 23 a 27 de maio com a maior alta desde a terceira semana de fevereiro, chegando aos 64.294 pontos. 

O pessimismo também foi deixado de lado com a revisão positiva da perspectiva de classificação para a nota de crédito soberana do Brasil no curto prazo, pela agência Standard & Poor's. "A elevação da nota trouxe mais confiança e o mercado brasileiro viu o fluxo voltar", diz o estrategista-chefe da CM Capital Markets, Luciano Rostagno.

Inflação se sobrepõe a cenário europeu no curto prazo
"Houve a preocupação quanto à forte alta da inflação e hoje o cenário já é mais claro. Os indicadores apontam para arrefecimento nas próximas divulgações sobre inflação. Com as contas fiscais também melhorando, o mercado tende a responder positivamente", continua Rostagno. 

Por aqui, a semana começa com a divulgação do IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) na segunda-feira (30) e segue com o IPC-S na quarta (1) e o IPC da Fipe na quinta-feira (2). As projeções apontam para um leve recuo dos índices, em reflexo da economia doméstica ainda aquecida. O gestor de recursos da PAX Corretora, Gregório Matias, considera que a inflação continua como o principal tema do mercado doméstico, tanto para sustentar como motivar a saída dos investidores.   

Matias sustenta que, por enquanto, a inflação ganha mais importância do que o cenário europeu. Rostagno, da CM Capital Markets, aponta que embora a Europa continue a trazer volatilidade, tende a não pesar tanto nesta semana. "Ninguém acredita em um default da Grécia no curto prazo", justifica.

Compras e mais compras
A bolsa ainda está barata, considera a dupla de analistas. Mais do que isso: cálculos do Deutsche Bank atestam que a bolsa negocia a 9,4 vezes os ganhos por ação projetados, no nível mais baixo desde a crise de 2008, cerca de 12% abaixo da média pós-crise, de 10,6 vezes. "A tendência continua positiva para a Bovespa. Se os dados de emprego dos Estados Unidos colaborarem, a bolsa continua a subir", diz Rostagno.

Ainda assim, "o rali que se espera não será tão rápido", diz o gestor da PAX. Apesar dos preços atrativos, principalmente de blue chips, erra quem espera calmaria para o índice. A volatilidade ainda impera, assim como os antigos temores de uma lenta recuperação econômica global e possíveis quedas nos preços de commodities.

Mercado de trabalho dos EUA em "sofrível situação"
Durante a semana também ganham importância na agenda internacional os dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos. A criação de vagas no setor privado chega na quarta-feira, seguida pelos números de pedido de auxílio-desemprego na quinta e finalmente, pelos payrolls e a taxa de desemprego, no último dia da semana. "Em situação oposta à do Brasil, os Estados Unidos devem expor a sofrível situação de seu mercado de trabalho com a divulgação do relatório de emprego e do payroll", diz o analista Marco Saravalle, da Coinvalores.

Saravalle acrescenta que a cautela tende a permear Wall Street, com números pouco satisfatórios da indústria e do mercado imobiliário. "Além disso, a insegurança pode surgir sem data nem hora marcados para ocorrer", diz o analista. Possíveis novos apertos monetários na China, indícios de contágio na Zona do Euro, bem como o desfecho da substituição de Strauss-Kahn na presidência do FMI acrescentam uma boa dose de volatilidade.

Semana começa com feriado lá fora
Vale lembrar que a semana começa com o feriado do Memorial Day nos Estados Unidos, em homenagem aos soldados do país mortos em guerra. Desta forma, as bolsas de Wall Street estarão fechadas na segunda-feira (30), enquanto por aqui os volumes, consequentemente, tendem a ser reduzidos.