
O francês Dominique Strauss Kahn foi acusado de estupro em Nova York
Pré-candidato à presidência francesa, o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn – indiciado, neste domingo, por agressão sexual e tentativa de estupro –, alega inocência, segundo seu advogado, Benjamin Brafman — um especialista no sistema penal de Nova York que já teve como cliente o cantor Michael Jackson.
Esta não é primeira vez que Strauss-Kahn se vê envolvido em um incidente vinculado a uma agressão sexual. Em 2008, ele teve uma relação extraconjugal com uma economista húngara do FMI. A instituição financeira investigou o caso e concluiu que a relação foi consensual, mas considerou a conduta inapropriada.
Troca de comando no FMI — Após a notícia da detenção, o FMI divulgou um comunicado em seu site, no qual tenta tranquilizar a comunidade internacional. "O FMI segue completamente funcional e operacional", afirma a nota, assinada pela diretora mundial de relações externas, Caroline Atkinson.
O diretor-assistente do fundo, John Lipsky, assumiu temporariamente a direção da instituição. Segundo o porta-voz do fundo, Bill Murray, "de acordo com os procedimentos normais no FMI", Lipsky exerce as funções de diretor-gerente enquanto o titular não se encontra em Washington, a sede da instituição multilateral.
O mandato de Strauss-Kahn à frente do FMI termina oficialmente em setembro de 2012, vários meses após a data das eleições presidenciais na França, mas o meio político francês acreditava que o diretor do fundo renunciaria ao atual cargo para disputar a liderança do país com o presidente Nicolas Sarkozy.
A mulher de Strauss-Kahn, a renomada jornalista Anne Sinclair, afirmou neste domingo que não acredita "nem por um segundo nas acusações" contra seu marido.
Indiciamento — De acordo Ryan Sesa, porta-voz da polícia do Harlem, no norte de Manhattan, Strauss-Kahn, 62 anos, "foi indiciado por agressão sexual, retenção ilegal e tentativa de estupro de uma mulher de 32 anos em um quarto de hotel em Nova York". A funcionária do hotel Sofitel de Nova York afirma que, neste sábado, Strauss-Kahn saiu nu do banheiro quando ela trabalhava e a agrediu.
Segundo o relato da funcionária, publicado pela imprensa americana, a mulher entrou no quarto do diretor do FMI por acreditar que estava desocupado. Mas, quando estava limpando o local, Strauss-Kahn saiu do banheiro e tentou estuprá-la, afirma o jornal The New York Times, que cita o subcomissário de polícia de Nova York, Paul Browne.
Segundo a camareira, o francês a agarrou, a jogou na cama e trancou a porta. A mulher disse que conseguiu correr, mas Strauss-Kahn a pegou novamente e a levou para o banheiro. De acordo com o canal MSNBC, Strauss-Kahn obrigou a vítima a praticar sexo oral e tentou arrancar as roupas íntimas dela. Mas a mulher conseguiu escapar e fugiu do quarto. Em seguida alertou os outros funcionários do hotel, que ligaram para o serviço de emergência policial, o 911.
Segundo fontes policiais, Strauss-Kahn deixou o hotel de maneira precipitada e esqueceu o telefone celular e outros objetos pessoais. Detido ainda no sábado, no Aeroporto Internacional John F. Kennedy, já em um avião da Air France que decolaria em dez minutos com destino à Europa, Strauss-Kahn foi levado à delegacia do Harlem. O diretor do FMI recebeu à noite a visita de um diplomata francês, amparado pela proteção consular que a França oferece a todos os seus cidadãos.
Na França — Na França, a detenção causou perplexidade. A líder do Partido Socialista francês, Martine Aubry, afirmou ter ficado surpresa com a detenção de Dominique Strauss-Kahn. "As notícias que nos chegam de Nova York desde a noite de ontem parecem, evidentemente, um trovão. Estou, como todo mundo, totalmente estupefata", declarou Aubry. "Peço a todos que esperem a realidade dos fatos e respeitem a presunção de inocência", completou.
O porta-voz do governo francês, François Baroin, também pediu neste domingo o respeito à "presunção de inocência". "O governo francês respeita dois princípios simples: o de um procedimento judicial em curso sob a autoridade da justiça americana, segundo as modalidades americanas, e o respeito da presunção de inocência", declarou Baroin ao canal de televisão France 2.
(Com agências Reuters, France-Presse e EFE)