
Manifestantes protestam no nordeste da Síria, na cidade de Qamishli (AFP)
Forças de segurança da Síria abriram fogo contra milhares de manifestantes nesta sexta-feira, matando pelo menos seis em Homs, Damasco e em um vilarejo perto de Deraa. Soldados ocuparam mesquitas e bloquearam o acesso a praças em várias destas cidades. As mobilizações foram convocadas pelo site The Syrian Revoution 2011, criado por jovens opositores do regime, em homenagem às mulheres sírias presas em protestos. Os manifestantes também pediam o fim do regime do presidente Bashar Al Assad. As marchas saíram de mesquitas, em várias partes do país, após as tradicionais orações de sexta-feira. De acordo com a agência de notícias Associated Press, citando um ativista, três manifestantes foram mortos em Homs, dois em Damasco e um em um vilarejo próximo a Deraa, a cidade na fronteira com a Jordânia onde os protestos começaram em meados de março. O ativista pediu para não ser identificado porque teme represálias do governo.Em Damasco ocorreram pelo menos três manifestações, juntando o maior número de oposicionistas na capital desde o início das mobilizações. Os manifestantes, contudo, foram invariavelmente recebidos a tiros, bombas de gás lacrimogêneo e cassetetes pela polícia.Em Homs, um opositor disse que as forças de segurança primeiro atiraram para o alto, mas quando viram que a multidão prosseguia a marcha, atiraram diretamente nas pessoas. Um porta-voz da comissão de direitos humanos da ONU afirmou que 850 pessoas já morreram em dois meses de enfrentamentos na Síria. O comitê internacional da Cruz Vermelha também informou que milhares de pessoas foram presas.Reação internacional - A crise deixa o país cada vez mais isolado internacionalmente. O ministério das Relações Exteriores britânico anunciou nesta sexta-feira a convocação do embaixador da Síria e ameaçou impor mais sanções, se o regime não acabar com a repressão dos protestos. "A menos que o governo sírio ponha fim às mortes de manifestantes e liberte os presos políticos, o Reino Unido, junto com seus parceiros da União Europeia, tomará as medidas para colocar o regime diante de suas responsabilidades", afirmou o ministério em um comunicado.Na quinta, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, já havia condenado os ataques contra civis e disse que a violência mostra a debilidade do presidente. "Tratar assim seu próprio povo é, na verdade, um sinal de grande debilidade", comentou.Apesar da pressão internacional e das sanções, Assad, de 45 anos, parece determinado a continuar a inibir com truculência os protestos. O governo dele lidera uma das repressões mais brutais, dentro da onda de revoltas populares no mundo árabe. (Com agências France-Presse e Estado)