14 maio 2011

Filma retrata relação de mãe e filho autor de massacre

Elenco de "We Need to Talk About Kevin", no tapete vermelho de Cannes

Elenco de "We Need to Talk About Kevin", no tapete vermelho de Cannes (Vittorio Zunino Celotto/Getty Images)

A sinopse de We Need to Talk About Kevin, um dos títulos mais controversos da competição do 64ª Festival de Cannes, sugere uma reflexão sobre os massacres protagonizados por jovens e estudantes. Mas a diretora escocesa Lynne Ramsey afirma que seu filme é mais uma observação sobre a relação mãe e filho do que propriamente uma análise de um fenômeno que está se espalhando por todo o planeta – o caso mais recente aconteceu mês passado, em Realengo, subúrbio do Rio de Janeiro. 

Adaptação do best-seller homônimo de Lionel Shriver, o filme descreve a difícil relação de uma mãe com o seu filho, autor de um massacre em um colégio americano. “Sei que esse tipo de violência está ficando cada vez mais comum hoje em dia, mas outros diretores já exploraram esse fenômeno social antes, como Gus Van Sant, em Elefante (2003). Meu interesse no livro de Shriver vem do desejo de explorar o desfecho de uma complexo relacionamento  entre mãe e filho. Eu o vejo como uma tragédia grega, desencadeado por um sentimento de culpa”, explicou diretora ao site de VEJA na manhã de hoje.

O ponto de vista é corroborado pela atriz Tilda Swinton (ganhadora do Oscar por seu desempenho em Conduta de Risco), que interpreta Eva,  mãe que se demonstra incapaz de estabelecer uma ligação mais profunda com o primeiro filho. “O livro fala sobre um caso de maternidade falida.  Nem todas as mulheres nasceram com o dom natural para a maternidade, e isso ainda é um tabu”, observou a atriz, que é mãe de duas gêmeas. “A ideia de ter filhos sempre me encantou, mas até mesmo depois que tive as minhas, cheguei a ter dúvidas se seria capaz de lidar com essa situação.  Essa dúvida aterroriza até mesmo as mães natas”.