13 maio 2011

“Estava na hora de impor limites à Argentina”, defende Skaf

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Paulo Skaf, defendeu a decisão do Brasil de dificultar a importação de automóveis. Desde terça-feira, o país não concede de forma automática a licença para circulação dos veículos em território nacional. Sem essa autorização, a entrada dos produtos no país pode demorar até dois meses. Todos os países que exportam veículos para o Brasil foram impactados pela medida, mas o principal objetivo do governo brasileiro é retaliar os argentinos, que têm adotado barreiras para dificultar a entrada de produtos brasileiros no país.

Ele claramente defendeu a medida como resposta brasileira ao descumprimento da promessa de autoridades argentinas para a normalização do desembaraço de mercadorias brasileiras no prazo de 60 dias. A promessa foi feita em fevereiro. No caso dos automóveis, Argentina e Brasil respondem pela metade dos veículos estrangeiros que entram em cada país. Para Paulo Skaf, o Brasil foi tolerante por tempo demais com a Argentina. “Sempre que a balança fica desfavorável para o lado deles, em algum produto, são criadas dificuldades. Estava na hora de impor alguns limites”, disse Skaf, durante um congresso com empresários chineses na sede da federação.

O presidente da Fiesp lembrou que este tipo de situação não é incomum e que, nas relações comerciais, os países devem buscar o equilíbrio. Ele citou a Embraer, que teve a produção do jato de passageiros da família 190 impedida na China, para não oferecer concorrência a um produto similar chinês.

Sobre as críticas da secretária da Indústria argentina, Débora Giorgi, sobre a decisão brasileira, ele brincou. “Ela é minha amiga faz tempo, mas posso lembrar de uma lista de episódios em que fez coisas assim”. Na quinta-feira, ela enviou uma carta ao ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, rechaçando a decisão.

Skaf avalia ainda que o episódio não irá azedar de vez o Mercosul, já que tudo "deve se normalizar". “O tratado é maior que isso. Se não fosse, já teria acabado há muito tempo”.