25 maio 2011

Egito vai reabrir sua fronteira com Gaza no próximo sábado

Pai e filha israelenses participam de inauguração de colônia em Jerusalém Oriental

Pai e filha israelenses participam de inauguração de colônia em Jerusalém Oriental (Menahem Kahana/ AFP)

As autoridades do Egito reabrirão de maneira permanente a passagem de Rafah, na fronteira com a Faixa de Gaza, a partir do próximo sábado. Segundo a agência de notícias egípcia Mena, será aplicado entre os dois territórios o mesmo mecanismo vigente antes de 2007, que permitia a entrada dos palestinos no Egito por terra e pelo ar. 

A passagem de Rafah, a única saída de Gaza para o exterior, foi fechada em junho de 2007, quando o grupo radical palestino Hamas tomou o controle da faixa. Desde essa data, a fronteira só era aberta de forma esporádica para permitir a saída de doentes e a entrada de ajuda humanitária. Depois da revolução egípcia que explodiu em 25 de janeiro e encerrou o regime de Hosni Mubarak, o novo governo do país se comprometeu a revisar a situação da passagem, a fim de aliviar o bloqueio israelense na região.

A decisão tomada nesta quarta-feira exime de visto prévio as mulheres palestinas de todas as idades, os homens menores de 18 anos e os maiores de 49 anos. Também não precisarão de visto os palestinos que estudam em universidades egípcias e aqueles que cruzarem Rafah para receber tratamento médico no Egito.

A medida também beneficiará as famílias palestinas de Gaza que precisarem passar por Rafah em sua viagem de retorno ou saída para um outro país, com a condição de que tenham passaportes da Autoridade Nacional Palestina (ANP) e vistos dos países que visitarão. A Embaixada da ANP no Cairo, em coordenação com os órgãos competentes egípcios, será responsponsável transferência dos palestinos que não cumprirem os requisitos de entrada e saída de Gaza. A passagem ficará aberta todos os dias, exceto às sextas-feiras e os feriados oficiais, entre 9h e 17h.

Colônias - No mesmo dia em que celebram a concessão egípcia, os palestinos amargam uma derrota: a inauguração de uma colônia judaica com 60 casas no coração do bairro palestino de Ras al-Amud, em Jerusalém Oriental. O assentamento foi batizado de Maale Hazeitm e foi inaugurado um dia após o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reafirmar que Jerusalém seguirá sendo a capital indivisível do estado de Israel. 

A ONG israelense Ir Amim, que se opõe à colonização, denunciou uma "perigosa provocação" e criticou os representantes políticos que participaram do evento. Israel anexou Jerusalém Oriental ao seu território em junho de 1967 e considera a Cidade Santa como sua capital "eterna e indivisível". Esta anexação nunca foi reconhecida pela comunidade internacional e os palestinos pretendem fazer do território a capital de um futuro estado palestino.

Abbas - Mais cedo, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, havia afirmado que, se não houver negociações de paz, ele pedirá à Organização das Nações Unidas (ONU) que reconheça um estado palestino em setembro. "Nossa principal opção são as negociações, mas se não avançarmos nas conversações até setembro, recorreremos às Nações Unidas", advertiu.

Abbas criticou o discurso de Netanyahu no Congresso americano na véspera, considerando que o primeiro-ministro israelense "se afastou muito do processo de paz", enquanto sua fala "continha vários erros e informações falsas".

O presidente americano, Barack Obama, afirmou também nesta quarta-feira que recorrer ao Conselho de Segurança da ONU seria um erro dos palestinos. Na semana passada, ele defendeu a criação de um estado palestino com base nas fronteiras que existiam antes de 1967, irritando Israel.

(Com agências EFE e France-Presse)