17 maio 2011

Autoridades admitem fragilidade no combate ao terror

Em uma reunião fechada que durou cerca de três horas e meia, os representantes da Polícia Federal (PF) e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) deram explicações à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira, sobre as atividades de células terroristas no Brasil. A Audiência foi proposta depois que VEJA revelou como integrantes de grupos extremistas circulavam livremente pelo Brasil.

Rômulo Dantas, diretor do Departamento de Contraterrorismo da Abin, e Marcos Salem, diretor de Inteligência Policial da PF, admitiram que os personagens da matéria estiveram ou estão no país. Mas ressaltaram que o governo brasileiro reconhece apenas a Al Qaeda e o Taleban como terroristas – não poderia, portanto, tratar como criminosas entidades como o Hamas e Hezbollah. Mesmo com a farta comprovação do envolvimento dos grupos com atentados.

As autoridades também reconheceram a fragilidade dos mecanismos de defesa do país para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. O Brasil não dispõe de mecanismos que agilizem a obtenção de autorização judicial para escutas telefônicas e quebra de sigilo financeiro. Além disso, não existe tipificação do crime de terrorismo no Brasil.

O deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ), autor do pedido de convocação, relatam que a Câmara precisa avançar na elaboração de medidas que permitam a prevenção à atuação de grupos terroristas no país. Entre eles, a aprovação de um projeto que funcionaria como uma espécie de lei antiterrorista. O texto já tramita na Câmara: “É uma lei importante. O Brasil deve se dotar de instrumentos que permitam ao nosso país se antecipar, prevenir eventuais problemas que nós possamos ter nesses grandes eventos internacionais”, disse Sirkis após a reunião.