Teresa Bouza.
Washington, 20 mai (EFE).- O Fundo Monet?rio Internacional (FMI) anunciou nesta sexta-feira que ir? inaugurar na pr?xima segunda-feira um processo "aberto, baseado em m?ritos e em transpar?ncia" para escolher o novo diretor-gerente da institui??o, ap?s a ren?ncia do franc?s Dominique Strauss-Kahn.
A promessa de transpar?ncia p?e fim ao hermetismo que caracterizou a designa??o do respons?vel do organismo, dirigido por um europeu desde sua cria??o em 1945.
O Conselho ser? o respons?vel por eleger o sucessor de Strauss-Kahn, que renunciou ao cargo na ?ltima quinta-feira, da cela onde estava preso no centro penitenci?rio Rikers Island, com "infinita tristeza" e abatido pelo esc?ndalo sexual que amea?a arruinar sua bem-sucedida carreira pol?tica.
Strauss-Kahn, que aparecia nas pesquisas como favorito para as elei??es presidenciais de 2012 na Fran?a, foi indiciado na Justi?a americana por sete acusa??es - entre elas a de tentativa de estupro contra uma camareira de um hotel em Nova York -, em uma audi?ncia na qual obteve liberdade condicional pagando uma fian?a de US$ 1 milh?o, al?m de deixar US$ 5 milh?es como garantia.
Sua ren?ncia ao cargo m?ximo do FMI deu in?cio ao que pode se transformar no primeiro processo realmente competitivo para a sele??o da lideran?a na hist?ria do Fundo.
Um acordo de cavalheiros firmado ao fim da Segunda Guerra Mundial sempre garantiu a chefia da institui??o a um cidad?o europeu, deixando a lideran?a do Banco Mundial a cargo de um americano.
No entanto, o crescente peso global dos pa?ses emergentes p?s em xeque esse privil?gio. O mundo em desenvolvimento exige agora mudan?as em um sistema que considera defasado.
"O prazo de candidaturas come?a no dia 23 de maio e termina em 10 de junho", indicou o FMI em comunicado assinado por Shakour Shaalan, membro do Conselho Executivo da institui??o. "Os candidatos dever?o ter uma distinta trajet?ria na gest?o de pol?ticas econ?micas ao mais alto n?vel", acrescenta a nota.
Uma vez recebidas as candidaturas para a lideran?a do FMI, que devem ser apresentadas por um governador ou diretor-executivo da institui??o, o Comit? Executivo tornar? p?blica uma lista com tr?s candidatos.
Se o n?mero de candidatos for superior a tr?s, o FMI manter? "em segredo" os nomes dos pr?-selecionados at? indicar um trio, "de acordo com o sistema de cotas de voto do Fundo" e no prazo m?ximo de sete dias. Posteriormente, o Conselho Executivo de 24 membros se reunir? com esses tr?s candidatos em Washington, onde fica a sede do FMI.
Em seguida, o principal ?rg?o do FMI se reunir? "para discutir as for?as dos candidatos e fazer uma sele??o". "Embora o Comit? Executivo do FMI possa selecionar o pr?ximo diretor-gerente por maioria de votos, o objetivo ? completar o processo de sele??o do diretor-gerente por consenso para 30 de junho", conclui a nota.
Durante esse per?odo, o Fundo ser? comandado pelo diretor-gerente interino do Fundo, John Lipsky, que pouco antes do esc?ndalo j? havia anunciado sua inten??o de deixar o organismo em agosto.
O secret?rio do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, comentou nesta sexta-feira sobre a nova realidade, ao dizer que Washington realiza "amplas consultas" tanto com os acionistas emergentes do Fundo quanto com as economias avan?adas para substituir Strauss-Kahn.
"? importante que este seja um processo aberto e que se avance rapidamente para a sele??o de uma nova lideran?a ao FMI", ressaltou o titular do Tesouro americano.
Na mesma linha, Lipsky disse na quinta-feira que existe um acordo entre os membros da institui??o para que a sele??o do diretor-gerente seja "aberta, transparente e baseada em m?ritos".
De Paris, o secret?rio-geral da Organiza??o para Coopera??o e o Desenvolvimento Econ?mico (OCDE), o mexicano ?ngel Gurr?a, assinalou nesta sexta-feira que este "? o momento" para o FMI ser liderado por um diretor-gerente n?o europeu.
Apesar de 187 na??es estarem representadas no FMI, as principais vozes na institui??o continuam sendo os Estados Unidos e os pa?ses-membros da Uni?o Europeia (UE), que controlam mais de 50% do poder de voto por serem os maiores contribuintes do or?amento do Fundo.
A sele??o de um novo l?der requer uma maioria simples, o que significa que o acordo t?cito de 1945 entre EUA e Europa garante a designa??o de um candidato desejado por ambos. Embora a sele??o possa ser submetida a vota??o, o Fundo prefere que ela seja por "consenso".
A UE expressou sua inten??o de escolher um candidato de consenso, que, segundo todos os ind?cios, poderia ser a atual ministra das Finan?as da Fran?a, Christine Lagarde.
Quem pretende entrar na disputa ? Grigori Marchenko, governador do Banco Nacional do Cazaquist?o, que recebeu nesta quinta-feira o apoio da R?ssia e de outros dez membros da Comunidade dos Estados Independentes (CEI) - bloco das ex-na??es sovi?ticas.
"Se os grandes pa?ses em desenvolvimento podem apresentar um ?nico candidato, e n?o obrigatoriamente devo ser eu, ent?o essa pessoa ter? muitas oportunidades de ganhar", assinalou Marchenko nesta sexta-feira, citado pelas ag?ncias de not?cias russas.
Segundo os crit?rios estabelecidos para a sele??o do diretor-gerente em 2007, quando Strauss-Kahn assumiu a chefia, o eleito deve possuir um hist?rico "distinto" no terreno econ?mico e na formula??o de pol?ticas.
"Ele ou ela dever? ter uma trajet?ria econ?mica de destaque e comprovadas qualidades gerenciais e diplom?ticas, necess?rias para liderar uma institui??o global", indicou ent?o o organismo.